A Cogna, uma das principais empresas de educação do Brasil, apresentou resultados financeiros positivos no terceiro trimestre deste ano. O lucro líquido alcançou R$ 191,6 milhões, revertendo prejuízo de R$ 29,1 milhões registrado no mesmo período do ano passado. A receita líquida totalizou R$ 1,5 bilhão, refletindo um crescimento de 18,9% em relação ao ano anterior.
As três principais unidades de negócio do grupo mostraram desempenho favorável. A Kroton, responsável pela educação superior, viu sua receita aumentar 20,9%, atingindo R$ 1,1 bilhão. Nesse setor, houve um crescimento de 2,7% no número de alunos e um aumento de 11,7% no valor médio das mensalidades. Esse crescimento ocorreu mesmo em um cenário desafiador para a educação a distância, que enfrenta forte concorrência e uma tendência de queda em geral no mercado.
O presidente da Cogna, Roberto Valério, afirmou que a empresa não sentiu os efeitos negativos do mercado. Ele destacou que os investimentos em cursos de educação a distância de alta qualidade, especialmente na área da saúde, foram determinantes para a maior procura por esses cursos, que têm mensalidades mais elevadas. No terceiro trimestre, a captação de alunos para cursos online cresceu 6,2%, à medida que muitos estudantes se matricularam antes das mudanças nas regras de educação a distância, que exigem mais aulas presenciais.
A companhia encerrou o trimestre com 1,1 milhão de alunos, sendo 155,2 mil em cursos presenciais, 40,8 mil na área de medicina e 925,6 mil em educação a distância. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) foi de R$ 422,6 milhões, apresentando um crescimento de 9,8%. Entretanto, a margem EBITDA caiu 2,3 pontos percentuais, para 27,7%.
A Vasta, que é o braço de educação básica da Cogna e está em processo de fechamento de capital na bolsa de valores americana Nasdaq, reportou uma receita de R$ 249,6 milhões, uma alta de 13,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Vasta oferece material didático para escolas privadas e detém sistemas de ensino conhecidas, como Anglo e pH, além de livros de editoras renomadas como Saraiva, Ática e Scipione.
A Saber, outra divisão da Cogna, que distribui livros escolares para o governo e administra a rede de escolas de inglês Red Balloon, apresentou uma receita de R$ 145,8 milhões, com um crescimento de 9,4%. No entanto, a receita proveniente das vendas para o governo registrou uma leve queda de 0,8%, devido a questões de calendário. O volume de compras de livros por parte do governo neste ano foi menor em comparação a 2024, conforme o programa do Ministério da Educação.
Apesar dos atrasos nos repasses do governo, Valério informou que esses fatores não têm afetado significativamente as operações da empresa. Ele observou que o repasse ocorreu no quarto trimestre, o que limita o tempo para produção de materiais.
A Cogna mantém uma perspectiva otimista para 2026, acreditando que fatores como a diminuição da dívida, aumento da geração de caixa, queda do desemprego e um ambiente econômico favorável durante ano eleitoral contribuirão para o crescimento do setor. Valério ressaltou que a atual taxa de desemprego tem estimulado o consumo e, consequentemente, a demanda por educação, especialmente nos cursos de graduação, que tendem a ter mensalidades mais altas.
No terceiro trimestre, a quantidade de alunos em cursos presenciais aumentou 6,4%, enquanto na educação a distância o crescimento foi de 1,8%. Valério acredita que, por ser um ano eleitoral, o governo pode implementar incentivos que beneficiarão o consumo e, por tabela, o setor educacional.
Em termos financeiros, a cogna precisa quitar apenas R$ 42 milhões em dívidas até 2026, já tendo refinanciado a maior parte de suas obrigações. Atualmente, a alavancagem da companhia é de 1,1 vez o EBITDA. Embora tenha sido questionado sobre a possibilidade de reduzir a alavancagem para menos de 1 vez, Valério mencionou que essa meta não está nos planos, uma vez que manter esse nível permite à empresa aproveitar benefícios fiscais.
Entre as prioridades da Cogna estão a redução de dívidas, a distribuição de dividendos e a realização de aquisições estratégicas em menor escala. Nos nove primeiros meses do ano, a companhia registrou uma geração de caixa livre de R$ 583,8 milhões, evidenciando a boa saúde financeira da empresa.