Um tribunal britânico decidiu que a mineradora australiana BHP, coproprietária da Samarco junto com a Vale, tem responsabilidade parcial pelo desastre em Mariana, Minas Gerais, ocorrido em 2015. Esta tragédia é considerada uma das maiores catástrofes ambientais do Brasil, resultando em uma possível demanda de indenização que pode ultrapassar bilhões de reais.
O julgamento no Tribunal Superior de Londres ocorreu entre outubro de 2024 e março de 2025. Durante este período, especialistas e vítimas do desastre apresentaram seus depoimentos. Com a confirmação da responsabilidade da BHP, mais de 600 mil pessoas afetadas terão que aguardar um segundo julgamento, programado para outubro de 2026, que definirá os valores das indenizações.
O desastre se deu no dia 5 de novembro de 2015, quando a barragem de rejeitos da mina de Fundão se rompeu. O colapso causou a morte de 19 pessoas, a destruição de comunidades inteiras e liberou aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de lama tóxica. Esta lama percorreu 650 quilômetros pelo Rio Doce até chegar ao oceano Atlântico, causando danos irreparáveis ao meio ambiente.
Os autores da ação judicial no Reino Unido argumentam que os processos realizados no Brasil foram insuficientes. Eles buscam uma indenização de 36 bilhões de libras, o que equivale a mais de R$ 251 bilhões, por danos e prejuízos causados pelo desastre. A tragédia afetou 31 municípios, milhares de animais, e resultou em mais de 600 pessoas desabrigadas.
Desde o incidente, a BHP alegou que não é a “poluidora direta” e manteve duas sedes, uma delas em Londres, permitindo a abertura do processo em território britânico. Especialistas que representam as vítimas argumentam que a empresa já tinha conhecimento sobre os riscos associados à barragem muito antes do colapso.
Após a ação iniciada em Londres, a Justiça brasileira havia absolvido as empresas envolvidas em novembro de 2015, alegando falta de provas decisivas. Menos de um mês depois, foi firmado um acordo de indenização com as empresas que totalizava R$ 132 bilhões.
Uma das vítimas, que perdeu sua filha de cinco anos no desastre, expressou em Londres que a justiça no Brasil foi insatisfatória. A BHP, em sua defesa, afirmou ter ajudado financeiramente 432 mil pessoas, incluindo comunidades locais e indígenas, mas os advogados das vítimas destacam que o acordado cobre menos de 40% dos afetados.
A expectativa em relação ao novo julgamento é alta entre os impactados. O prefeito de Mariana, Juliano Duarte, twittou esperança de que a justiça britânica possa oferecer uma resposta mais justa, já que, segundo ele, no Brasil não houve espaço para que o município fosse ouvido.
A situação segue em desenvolvimento, com expectativas de mais ações e negociações. O foco permanece em proporcionar reparações adequadas para todos os envolvidos na tragédia de Mariana, que continua a reverberar na sociedade brasileira até hoje.