A economia brasileira teve um desempenho fraco no terceiro trimestre de 2023. De julho a setembro, o Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu apenas 0,1% em comparação ao segundo trimestre. Esse crescimento é bem inferior ao aumento de 1,5% registrado no primeiro trimestre do ano. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacou que o consumo das famílias, um dos principais motores da economia, também diminuiu.
Apesar da desaceleração econômica, a Bolsa de Valores de São Paulo, conhecida como B3, atingiu um novo recorde, sendo este o 31º do ano. O índice Ibovespa, que acompanha a performance das ações mais negociadas, fechou o dia com uma alta de 1,68%, alcançando 164.468 pontos, o nível mais alto da história. Desde janeiro, o Ibovespa acumulou uma valorização de 36%.
Analistas atribuem o aumento da Bolsa à expectativa de uma redução na taxa de juros em breve. O Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas. A expectativa é que uma menor atividade econômica possa resultar em menos pressão inflacionária, permitindo cortes nos juros, o que potencialmente beneficiaria as empresas listadas na Bolsa.
O Brasil deve terminar o ano fora do grupo das dez maiores economias do mundo e passará para a 11ª posição após ser ultrapassado pela Rússia. Essa mudança já era prevista e leva em conta a performance do PIB e a taxa de câmbio dos diferentes países. O fortalecimento do rublo russo foi um fator que contribuiu para essa realocação.
O cenário econômico também reflete no consumo das famílias, que teve um crescimento de apenas 0,1% em relação ao segundo trimestre. Essa taxa é a mais baixa desde 2021. A secretária do IBGE, Claudia Dionisio, ressaltou que a política monetária restritiva do Banco Central tem impactado diretamente esse resultado. O Ministério da Fazenda confirmou que a desaceleração no consumo está relacionada ao desaquecimento dos mercados de trabalho e crédito.
Enquanto isso, a Bolsa segue em um caminho de alta impulsionada pela expectativa de uma redução na Selic, que está atrelada ao desempenho econômico. Se a Selic cair, os custos das dívidas empresariais diminuem, resultando em maior investimento e possíveis distribuições de lucros aos acionistas.
Embora o freio no PIB tenha sido previsto, obstáveis fatores, como a ampliação da isenção do Imposto de Renda e o aumento de gastos estaduais, podem influenciar a demanda e limitar os cortes na Selic, que devem ocorrer somente em 2026.
No que diz respeito ao comércio exterior, as exportações tiveram um crescimento de 3,3%, ajudadas pela demanda da China por matérias-primas. O desempenho da agropecuária e da indústria extrativa foi notável, com crescimentos de 10,1% e 11,9%, respectivamente, em comparação ao terceiro trimestre de 2024.
A análise da situação econômica sugere que, em um cenário de crescimento de ações na Bolsa, expectativas positivas e possíveis reformas estruturais poderão impulsionar o Brasil a retomar um ritmo mais forte no futuro. A conclusão é que enquanto o país enfrenta um desafio na economia interna, ainda há espaço para oportunidades no mercado, especialmente com o investimento estrangeiro.