Em outubro, a OpenAI lançou o Sora 2, que gerou uma série de discussões sobre violações de direitos autorais na internet. Em vez de processar a empresa, a Disney decidiu firmar uma parceria com a OpenAI.
No dia 11 de dezembro, a Disney anunciou um acordo que permitirá que milhões de usuários do Sora utilizem 200 personagens clássicos, incluindo Darth Vader, Elsa e Mickey Mouse, com uma ampla liberdade criativa. Essa mudança é significativa, especialmente considerando que, em julho, a Disney havia processado a empresa de tecnologia Midjourney para proteger sua propriedade intelectual. O movimento da Disney parece indicar que a empresa não estava apenas buscando impedir o uso de sua marca, mas sim encontrar uma maneira de participar do desenvolvimento dessa nova tecnologia.
Especialistas em políticas de tecnologia, como Adam Eisgrau, destacam que ações da Disney costumam impactar o mercado. A incerteza legal sobre o uso de tecnologia de inteligência artificial, especialmente no que se refere ao treinamento e cópia de obras protegidas, ainda persiste. No entanto, o acordo com a OpenAI sugere que a Disney está reconhecendo que a formação de IA pode ser considerada “uso justo”. Eisgrau observa que esse movimento pode ter sido calculado com a expectativa de que o uso da IA seria visto como uma prática aceitável.
Enquanto isso, a comunidade de artistas não está disposta a desistir de sua luta. Um porta-voz da Human Artistry Campaign, uma coalizão que inclui sindicatos de Hollywood, vê o acordo como um passo positivo, destacando que a OpenAI reconheceu a necessidade de obter licenças para usar os personagens da Disney. A mensagem enviada pelos artistas é clara: a criatividade humana tem valor e os profissionais precisam ser compensados pelo uso de seu trabalho.
A postura da Disney sobre o uso de personagens é complexa. No dia 10 de dezembro, a empresa pediu ao Google que parasse de treinar suas ferramentas de IA com personagens da Disney, afirmando que não toleraria o uso não autorizado. No entanto, a Disney está permitindo que a OpenAI use esses personagens e ainda investiu um bilhão de dólares na empresa, o que demonstra um contraste nas ações.
A Animation Guild, que representa animadores, expressou preocupações sobre o acordo. Embora a guilda não tenha poder sobre o conteúdo gerado por usuários, elas se disseram alarmadas com a possibilidade de que as ferramentas de IA possam ser usadas na produção de animações. O representante da guilda, Steve Kaplan, mencionou a necessidade de discutir com a Disney como as ferramentas de IA respeitarão as indústrias criativas.
No ano passado, a guilda lutou por proteções mais rígidas em relação à IA, mas muitos acharam que as provisões obtidas eram insuficientes. Desde então, um grupo interno tem pressionado por ações mais concretas, incluindo a possibilidade de uma greve. O anúncio da parceria entre a Disney e a OpenAI surpreendeu até mesmo a guilda, que recebeu a notícia como uma confirmação de suas preocupações sobre os riscos que a IA representa.
Adicionalmente, a Disney revelou que alguns vídeos dos assinantes do Sora serão exibidos na plataforma Disney+. Isso significa que os usuários estarão contribuindo com conteúdo que pode ser utilizado pela Disney. Para alguns representantes da guilda, essa situação é confusa e decepcionante. Eles expressam dúvidas sobre a real eficácia dessa estratégia para a Disney.
Apesar das incertezas, há uma expectativa de que a &a tecnologia de inteligência artificial não seja bem recebida pelo público geral, o que levanta questões sobre o sucesso dessa iniciativa.