Em dezembro de 1989, os Estados Unidos enviaram um grande número de navios de guerra para a região do Caribe, semelhante aos recentes movimentos de unidades navais ao redor da Venezuela. A ação de 1989 ocorreu quando os EUA invadiram o Panamá, derrubando o presidente Manuel Noriega, acusado de envolvimento com o narcotráfico. A Operação Justa Causa mobilizou cerca de 30 mil soldados americanos e teve como estopim a morte do tenente da Marinha Robert Paz, que foi atingido durante um confronto no Panamá.
Nessa ocasião, os conflitos verbais entre Washington e Noriega se intensificaram, culminando em um avanço militar. Hoje, a retórica contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro é similar. Os EUA o acusam de estar envolvido com o tráfico de drogas e de liderar um suposto “Cartel de los Soles”, que seria formado por militares e autoridades corruptas.
Embora haja paralelos entre os dois conflitos, existem também diferenças significativas. Em 1989, a Guerra Fria influenciava as relações internacionais, enquanto a atual disputa ocorre em um contexto pós-Guerra Fria, com líderes distintos nos EUA e na América Latina. Noriega havia colaborado com a CIA, enquanto as acusações contra Maduro são mais controversas e envolvem complexidades sobre o narcotráfico.
Ainda, o governo dos EUA alega que Maduro é responsável por um aumento do tráfico de drogas que atinge diretamente a população americana. Essa narrativa tem gerado tensões, e as sanções contra membros da família de Maduro, acusados de narcotráfico, reascenderam debates sobre a legitimidade do governo venezuelano.
A situação na Venezuela continua instável, e os ataques aéreos realizados recentemente pelos EUA contra embarcações suspeitas de tráfico levantaram preocupações sobre a legalidade dessas ações. A Casa Branca defende que segue as leis de conflito armado, mas há pedidos para que as imagens dos ataques sejam divulgadas.
A escalada dos conflitos sugere que, embora a abordagem e contexto sejam diferentes, a potencialidade de um confronto maior permanece presente, refletindo a fragilidade das relações entre os EUA e países da América Latina.