domingo, 07 de dezembro de 2025
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Espelho, espelho meu: reflexões sobre beleza e autoestima

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contato@sejanoticia.com EM 7 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 04:35

No novo livro “Brasil no Espelho”, o cientista político Felipe Nunes apresenta uma análise detalhada sobre a autopercepção dos brasileiros, utilizando a metáfora do espelho para mostrar as diversas facetas da identidade nacional. Assim como na famosa história de Branca de Neve, onde o espelho revela verdades incômodas, Nunes busca expor as contradições e realidades da vida dos cidadãos brasileiros.

A obra resulta de quase 10 mil entrevistas realizadas entre novembro e dezembro de 2023, quando os efeitos da pandemia de covid-19 ainda eram visíveis. A pesquisa foi conduzida pela empresa Quaest, a pedido da TV Globo. Uma das perguntas-chave abordou como as pessoas se sentiam. O resultado foi alarmante: 51% dos entrevistados expressaram sensações de cansaço, exaustão, tristeza, ansiedade e medo.

Esse estado de desânimo está diretamente associado à situação econômica. Entre aqueles que recebem entre um e cinco salários mínimos, a maioria relatou sentir-se cansada, enquanto os que ganham acima dessa faixa começam a contar um pouco mais de entusiamo. A exaustão apontada não é apenas teórica; 84% dos brasileiros precisam desempenhar mais de uma função para complementar sua renda.

Nunes critica a ideia de que muitos estão se tornando empreendedores por vontade própria. Ele explica que muitos trabalhadores, como motoristas de aplicativos ou vendedores de comida, não fazem isso por sonho, mas por necessidade financeira. Esse fenômeno representa o que ele chama de “empreendedorismo de exaustão”, onde a informalidade no trabalho cresce como uma solução às dificuldades financeiras. Essa realidade mantém os trabalhadores em um ciclo de trabalho exaustivo, sendo que quanto mais se busca estabilidade, mais riscos são assumidos.

O livro também destaca a preocupante questão da segurança pública, que tem se tornado um tema de grande preocupação para a população. Os dados mostram que o medo não está restrito a grupos específicos, mas afeta todos, independentemente da renda ou localização. No entanto, as pesquisas indicam que a sensação de insegurança é maior entre as mulheres, especialmente as negras, que, dependendo do contexto, demonstram índices alarmantes de insegurança nas ruas.

Nunes aponta que, enquanto a maior preocupação dos homens é a corrupção, para as mulheres, a violência é a principal fonte de preocupação. Essa diferença reflete uma nova dimensão das questões sociais, onde a segurança é vista como uma questão de gênero e classe. As mulheres pretas com renda entre dois e cinco salários mínimos estão entre as que mais relatam insegurança.

Diante desse cenário de medo, há um consenso na sociedade em apoio a medidas mais severas contra crime. Muitas pessoas defendem propostas como a redução da maioridade penal e a pena de morte para estupradores, evidenciando um movimento em favor de leis mais rígidas. Por outro lado, a ideia de que armar a população é a solução para a insegurança é rejeitada pela maioria.

O autor ressalta que o Brasil está preso em um círculo vicioso onde o medo gera desconfiança, e essa desconfiança, por sua vez, alimenta um punitivismo que promete um controle social que raramente se concretiza. Esse ciclo impacta diretamente a vida cotidiana dos cidadãos, influenciando até mesmo as escolhas de deslocamento.

No retrato traçado por Nunes, os brasileiros aparecem distantes da imagem idealizada de um povo forte e alegre. Ao invés disso, o autor revela um cenário onde as pessoas estão cansadas, medrosas e desconfiadas, refletindo uma luta constante pela sobrevivência em meio a um cenário desafiador.

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